Sunday, June 21, 2009



Amigos,

Há um ótimo documentário sobre a Simonal na praça.


O filme, dirigido por Cláudio Manoel, do Casseta e Planeta (isso mesmo, ainda que sério, o filme é de um casseta!) é imperdível e resgata a figura deste grande cantor, cujo a imagem e memória restaram abalada por supostamente ser Simonal um caguete da ditadura.


Abaixo publico extrato de duas ótimas criticas, uma de Wilson H. Silva, publicado originalmente no site do PSTU, e ou de Rozi Brasil, pubicado no ótimo Blog Cinema é Minha (nossa) Praia


Adriano Espíndola


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1. Artigo de Wilson H. Silva


Simonal: quando a arte e alienação colidem

Wilson H. Silva
da redação do Opinião Socialista
e membro da Secretaria Nacional de Negros e Negras dos PSTU


Em primeiro lugar, é preciso dizer que “Simonal: ninguém sabe o duro que dei”, documentário dirigido por Cláudio Manoel, do grupo Casseta & Planeta, Micael Langer e Calvito Leal, é imperdível. Não só por suas qualidades artísticas, mas também pelo seu tema.

Quem ver o filme poderá entender por que Wilson Simonal (1938 – 2000), negro e filho de uma empregada doméstica, transformou-se, sem dúvida alguma, em um dos mais importantes cantores de nosso país.
Aliás, mais do que um intérprete e compositor, Simonal foi um “showman”, capaz, como poucos, de cativar e empolgar o público com seu repertório ousado, onde samba, rock, música pop e influências diversas da música negra se encontravam e se renovavam. Uma figura marcante, capaz de levar mais de 30 mil pessoas ao delírio num histórico show realizado no Maracanazinho, ou de manter espectadores grudados na tela, nas suas muitas aparições na televisão, durante os anos 1960.

Um personagem tão influente que, diga-se de passagem, inspirou o nome de toda uma geração de jovens negros que nasceram naquela década.Tudo isso está num filme primorosamente dirigido, recheado com depoimentos e imagens de época. E que, acima de tudo, não deixou de colocar o dedo numa das feridas ainda abertas dos tempos da ditadura: o envolvimento de Simonal com o famigerado Departamento de Ordem Social e Política (Dops), cuja repercussão fez com que o cantor “caísse em desgraça” no cenário musical brasileiro...


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2. Artigo de Rozi Brasil:

Simonal – Ninguém Sabe o Duro Que Dei

Falar sobre o que todos já falaram se não inclui exclusividade é imprescindível emoção. Não há como não se emocionar com o Sr.Casseta que fala sério sobre um tema seriíssimo, sobre uma pessoa que não foi levada a sério e que bem pode comprovar a frase de Pablo Neruda “A verdade é que não há verdade”.

Sabemos nós que toda história tem dois lados, mas esta parece que desde sempre só teve um. O documentário bem feito, sem narrador e com edição cheia de “bossa” tem uns pecadinhos na fotografia em alguns enquadramentos nos rostos dos entrevistados, que até pareceram propositais a fim de privilegiarem a emoção em detrimento da técnica. Com entrevistados ilustres (fiquei surpresa ao ver a crítica teatral, Bárbara Heliodora por lá) mostra que Claudio Manoel escolheu um lado, um daqueles dois únicos lados que Ziraldo diz no seu depoimento que havia na época, dois lados e um punhado de fatos obscuros e sublinhados por comportamentos grifados pela intolerância tanto de um lado quanto de outro.

Talvez naquele tempo, debaixo da nuvem de chumbo, não existisse o excesso de representantes dos Direitos Humanos que vemos em ação hoje em dia. Mas parece que nenhum representante dos DHs, ainda que nascido posteriormente tivesse interesse em apurar e retirar do limbo o grande cantor. Foram tantos os pedidos de desculpas, desagravos e indenizações póstumos, que a mim causa estranheza a permanência do silêncio tempo a fora...


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