Saturday, May 9, 2009

O nome dele era Basem
4 de Maio de 2009
Mohammad Khatib, membro do Comité Popular de Bil’in contra o Muro e os Colonatos
Fonte: Palestine Monitor | Tradução de Joana S. Piedade

 

O nome dele era Basem, que quer dizer sorriso e era com um sorriso que ele cumprimentava toda a gente. Todos o chamavam de “Pheel”, que significa elefante, porque ele tinha o tamanho de um elefante. Mas Basem tinha também o coração de uma criança.

Basem gostava de toda a gente, e por causa da doçura e capacidade de nos fazer rir, todos gostávamos dele. Era amigo de todos: as crianças falam de como ele brincava com elas, pregava sustos e as fazia rir. Ele vigiava o recreio do jardim de infância e levava brinquedos e livros. As senhoras mais velhas da aldeia contam como ele as costumava visitar para saber se precisavam de alguma coisa. Na aldeia, ele parecia estar em todo o lado ao mesmo tempo. Aparecia para dizer um olá, dava dum bafo no cachimbo de água, e partia para a sua próxima paragem. Na manhã em que morreu tinha ido a casa de Hamis. Há três meses, numa manifestação o lançamento de um projéctil de gás lacrimogéneo causou a Hamis um traumatismo craniano. Seria a mesma arma que iria matar Bassem.

Naquele dia, Basem acordou Hamis e deu-lhe a medicação, depois saiu e foi visitar outro amigo na aldeia que está doente com cancro. Uma menina da aldeia queria ananás mas não conseguia encontrar nas lojas. Basem foi então a Ramallah para ir buscar um ananás e voltou antes do meio-dia para as orações de sexta-feita e para a manifestação semanal contra a usurpação da nossa terra pelo muro do apartheid. Pheel nunca faltava a uma manifestação, participava em todas as actividades e acções em Bil’in. Antes de ser atingido pediu aos soldados para pararem de atirar, porque havia cabras perto da cerca. De seguida, uma mulher em frente dele foi atingida e Basem gritou ao comandante para parar os disparos porque uma pessoa estava ferida. Esperava que os soldados compreendessem e parassem de disparar. Em vez disso, mataram-no.

Vieram pessoas de todo o lado ao funeral para demonstrar que gostavam tanto de Basem quanto ele gostou delas. Mas nós, os de Bil’in, continuamos à procura dele, esperando que caminhe connosco. Pheel, eras amigo de todos. Sabíamos que te amávamos mas não nos apercebemos do quanto iríamos sentir a tua falta, até te termos perdido. Tal como Bil’in se tornou o símbolo da resistência popular da Palestina, tu és o símbolo de Bil’in. Querido Pheel, descansa em Paz, continuaremos a seguir as tuas pegadas.

Mohammad Khatib é membro do Comité Popular de Bil’in contra o Muro e os Colonatos

 

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