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Wednesday, August 19, 2009
Honduras Resiste
48 dias de Resistência Contra o Golpe e 3º dia de minha estadia
14 de Agosto de 2009
Dirceu Travesso – membro da Secretaria Executiva Nacional da Conlutas
Neste terceiro dia em Honduras, o dia começa com mais uma marcha. Toda a semana, desde o dia 11, quando chegaram à capital as marchas vindas do interior aconteceram passeatas pelas principais ruas da Capital.
Tegucigalpa, a capital, situada aos pés da Serra “El Picacho”, com seu relevo irregular de montes em torno dos rios que compõe a parte baixa da cidade. O significado da palavra Tegucigalpa, até agora é polêmica. Uns dizem ser de origem Nahua, das palavras Teguz – Galpa que significam “Montanhas de Prata”. A origem da cidade remonta aos espanhóis que se instalaram em meados do século XVI para extrair prata. Ou se origem do mesmo idioma Nahua, de Tecuztlicallipan, "Lugar de residência dos nobres". Na verdade de origem são duas cidades, Tegucigalpa, onde viviam os exploradores e abastados e Comayaguela onde viviam os setores miseráveis que trabalhavam nas min as.
As marchas às vezes caminham pelas avenidas ou “boulevares” das partes mais baixas ou sobem e descem ladeiras onde aparece o grito, “ Cansados” onde a resposta de todos é sempre um “No”.
Durante a semana as marchas foram diminuindo.Calculam-se cerca de 40.000 dia 11, cerca de 20.000 dia 12 e mais ou menos 5.000 nos dois ontem. Hoje saem cerca de 3.000 da Pedagógica e no percurso se somam mais cerca de 2.000.. Os motivos se combinam por questões políticas, organizativas e a repressão.
A dificuldade de se manter tanta gente, boa parte vindo do interior, tantos dias na capital é real.
A repressão continua ocorrendo com estratégia. Hoje não ocorreu repressão à marcha na capital mais uma vez. Mas busca amendrotar o povo e impedir ações que possam efetivamente ameaçar seus negócios e gerar divisões. Por isso manifestações como de San Pedro Sula, foram reprimidas nos dois últimos dias. Bloquearam estradas que levam ao principal porto exportador do país. Além dos ataques à população para tentar intimidar e dividir. Até agora, corrigindo o dado que informei anteriormente, de acordo com um informe oficial de grupos de direitos humanos dão conta que foram mortos desde o inicio do golpe 101 pessoas por tiros de balas militares nas madrugadas
O terceiro aspecto se expressa no debate sobre um cansaço pela combinação entre tantos dias de manifestações mas fundamentalmente pela discussão aberta entre setores do movimento: qual a estratégia ? As dúvidas tomam conta a setores do movimento. Os professores, ou combatendo o machismo, AS PROFESSORAS, assim com maiúsculas, porque o setor que esteve até agora como coluna vertebral da mobilização em todo o país tem sido “Las Maestras”. Que também expressam cansaço e surgem problemas com uma campanha pesada pela mídia buscando colocar as comunidades contra “Las maestras” que estariam se negando a ensinar as crianças do país.
Um cuidado necessário. Não concluamos que a diminuição das marchas da semana significa que o movimento esta derrotado. Nestes 48 dias o movimento foi capaz de se superar e retomar iniciativas.
Mas o debate sobre a estratégia expressa uma contradição real do movimento e a política que até agora conseguiu garantir o presidente deposto Zelalya. Mesmo que não seja dito as ações do movimento, reiteradamente chamadas para serem pacificas, para que não radicalizem pelos setores liberais de Mel tem uma estratégia clara. Manter o movimento sobre controle pressionando com as marchas internamente para apoiar as ações de negociação que busca construir desde o exterior.
Esta contradição entre a impressionante combatividade demonstrada pelas Hondurenhas (em homenagem mais uma vez as Maestras) e a ações construídas sem uma estratégia de enfrentamento junto com dois outros aspectos decidirão o futuro no próximo período. Os dois outros aspectos que poderão levar a possibilidade de que o golpe se estabilize e consiga se manter são o tema das eleições convocadas para novembro e as ações internacionais de solidariedade que o movimento for capaz de promover.
Fiquemos hoje no primeiro tema. É necessário urgente estabelecer uma estratégia que o movimento de conjunto veja como possível derrotar os golpistas. Enfrentamento não significa ações isoladas que podem jogar confusão. Mas preparar as trabalhadoras e trabalhadoras do campo e da cidade de Honduras para enfrentar o inimigo. Com grandes ações unitárias de massa. As marchas são importantes mas a serviço de construir ações que parem o pais, que afete a economia, que busque dividir as Forças Armadas e a Policia Nacional. Construir um dia de Paro Cívico, com greves e manifestações de rua nas cidades, com bloqueios de estrada por todo o país é fundamental para o próximo período. Para dividir o inimigo, mas fundamentalmente para reanimar as lut adoras e lutadores heróicos de que é possível derrotar os golpistas. E isso se dará nas lutas concretas nas ruas de Honduras, com os olhos e esforços concentrados em dividi-los, com ações construídas para enfrenta-los. Não se dará com as marchas olhando para os céus esperando a volta de Zelaya.
As eleições, convocadas para novembro desde antes do golpe e mantidas pelos golpistas até o momento, já com 6 candidatos inscritos (4 que apóiam o golpe e 2 da resistência) também podem dividir o movimento. Vamos ouvir e informar para poder discutir.
48 dias de Resistência Contra o Golpe e 3º dia de minha estadia
14 de Agosto de 2009
Dirceu Travesso – membro da Secretaria Executiva Nacional da Conlutas
Neste terceiro dia em Honduras, o dia começa com mais uma marcha. Toda a semana, desde o dia 11, quando chegaram à capital as marchas vindas do interior aconteceram passeatas pelas principais ruas da Capital.
Tegucigalpa, a capital, situada aos pés da Serra “El Picacho”, com seu relevo irregular de montes em torno dos rios que compõe a parte baixa da cidade. O significado da palavra Tegucigalpa, até agora é polêmica. Uns dizem ser de origem Nahua, das palavras Teguz – Galpa que significam “Montanhas de Prata”. A origem da cidade remonta aos espanhóis que se instalaram em meados do século XVI para extrair prata. Ou se origem do mesmo idioma Nahua, de Tecuztlicallipan, "Lugar de residência dos nobres". Na verdade de origem são duas cidades, Tegucigalpa, onde viviam os exploradores e abastados e Comayaguela onde viviam os setores miseráveis que trabalhavam nas min as.
As marchas às vezes caminham pelas avenidas ou “boulevares” das partes mais baixas ou sobem e descem ladeiras onde aparece o grito, “ Cansados” onde a resposta de todos é sempre um “No”.
Durante a semana as marchas foram diminuindo.Calculam-se cerca de 40.000 dia 11, cerca de 20.000 dia 12 e mais ou menos 5.000 nos dois ontem. Hoje saem cerca de 3.000 da Pedagógica e no percurso se somam mais cerca de 2.000.. Os motivos se combinam por questões políticas, organizativas e a repressão.
A dificuldade de se manter tanta gente, boa parte vindo do interior, tantos dias na capital é real.
A repressão continua ocorrendo com estratégia. Hoje não ocorreu repressão à marcha na capital mais uma vez. Mas busca amendrotar o povo e impedir ações que possam efetivamente ameaçar seus negócios e gerar divisões. Por isso manifestações como de San Pedro Sula, foram reprimidas nos dois últimos dias. Bloquearam estradas que levam ao principal porto exportador do país. Além dos ataques à população para tentar intimidar e dividir. Até agora, corrigindo o dado que informei anteriormente, de acordo com um informe oficial de grupos de direitos humanos dão conta que foram mortos desde o inicio do golpe 101 pessoas por tiros de balas militares nas madrugadas
O terceiro aspecto se expressa no debate sobre um cansaço pela combinação entre tantos dias de manifestações mas fundamentalmente pela discussão aberta entre setores do movimento: qual a estratégia ? As dúvidas tomam conta a setores do movimento. Os professores, ou combatendo o machismo, AS PROFESSORAS, assim com maiúsculas, porque o setor que esteve até agora como coluna vertebral da mobilização em todo o país tem sido “Las Maestras”. Que também expressam cansaço e surgem problemas com uma campanha pesada pela mídia buscando colocar as comunidades contra “Las maestras” que estariam se negando a ensinar as crianças do país.
Um cuidado necessário. Não concluamos que a diminuição das marchas da semana significa que o movimento esta derrotado. Nestes 48 dias o movimento foi capaz de se superar e retomar iniciativas.
Mas o debate sobre a estratégia expressa uma contradição real do movimento e a política que até agora conseguiu garantir o presidente deposto Zelalya. Mesmo que não seja dito as ações do movimento, reiteradamente chamadas para serem pacificas, para que não radicalizem pelos setores liberais de Mel tem uma estratégia clara. Manter o movimento sobre controle pressionando com as marchas internamente para apoiar as ações de negociação que busca construir desde o exterior.
Esta contradição entre a impressionante combatividade demonstrada pelas Hondurenhas (em homenagem mais uma vez as Maestras) e a ações construídas sem uma estratégia de enfrentamento junto com dois outros aspectos decidirão o futuro no próximo período. Os dois outros aspectos que poderão levar a possibilidade de que o golpe se estabilize e consiga se manter são o tema das eleições convocadas para novembro e as ações internacionais de solidariedade que o movimento for capaz de promover.
Fiquemos hoje no primeiro tema. É necessário urgente estabelecer uma estratégia que o movimento de conjunto veja como possível derrotar os golpistas. Enfrentamento não significa ações isoladas que podem jogar confusão. Mas preparar as trabalhadoras e trabalhadoras do campo e da cidade de Honduras para enfrentar o inimigo. Com grandes ações unitárias de massa. As marchas são importantes mas a serviço de construir ações que parem o pais, que afete a economia, que busque dividir as Forças Armadas e a Policia Nacional. Construir um dia de Paro Cívico, com greves e manifestações de rua nas cidades, com bloqueios de estrada por todo o país é fundamental para o próximo período. Para dividir o inimigo, mas fundamentalmente para reanimar as lut adoras e lutadores heróicos de que é possível derrotar os golpistas. E isso se dará nas lutas concretas nas ruas de Honduras, com os olhos e esforços concentrados em dividi-los, com ações construídas para enfrenta-los. Não se dará com as marchas olhando para os céus esperando a volta de Zelaya.
As eleições, convocadas para novembro desde antes do golpe e mantidas pelos golpistas até o momento, já com 6 candidatos inscritos (4 que apóiam o golpe e 2 da resistência) também podem dividir o movimento. Vamos ouvir e informar para poder discutir.
O terceiro aspecto decisivo, reafirmar um chamado a solidariedade internacional. É preciso intensificar ações de solidariedade. Manifestações, boicote econômico, exigir que os governos que se dizem democrático e popular da América Latina saiam de sua postura de declarações e possam ir a ação concreta. O primeiro passo é exigir além da ruptura diplomática a ruptura econômica. O boicote, o fechamento de fronteiras, a suspençao de todos os negócios promovidos pelo Governo dos Golpistas. Essa tarefa é de todos que tem clareza que um golpe militar na América Latina não pode passar.
Didi
Dirceu Travesso
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