Wednesday, February 17, 2010

Esquema montado no governo Arruda (DEM) levanta o debate sobre os limites da luta contra a corrupção

RODRIGO DANTAS*, DE BRASÍLIA (DF)

Os escândalos de corrupção se repetem e mostram como funciona a política no capitalismo: empresas privadas financiam a campanha eleitoral e elegem seus representantes – em geral, políticos-empresários, donos das terras, imóveis e construtoras, proprietários de igrejas, hospitais, escolas, rádios, TVs, jornais e empresas que prestam serviços ao governo. Para garantir a aprovação das leis de interesse dos que os financiam, os governos distribuem cargos, recursos públicos e favores de todo tipo. O balcão de negócios da política dos ricos só conhece a lógica do toma lá dá cá, em que é dando que se recebe. A lição é uma só: tudo e todos têm seu preço e a impunidade é a regra geral. Dentro e fora da legalidade, o capitalismo vive da corrupção do Estado. Não existe capitalismo sem corrupção!

O poder econômico dos patrões, ao eleger seus representantes como se fossem ―representantes do povo‖, possui todo o poder de governar, legislar, explorar e julgar os trabalhadores. Privatizam tudo, reservam 1/3 do orçamento para pagar juros a banqueiros, financiam empresas privadas com recursos públicos, gastam rios de dinheiro em propaganda, obras e eventos para obter contratos superfaturados e despejam bilhões de reais na vala da corrupção. Acaba no bolso dos patrões os recursos que sempre faltam para a saúde e a educação pública de qualidade, moradia e todos os direitos e necessidades da população.

Enquanto isso, os trabalhadores são obrigados a enfrentar filas gigantescas nos hospitais, torcendo para não morrer durante a espera; a qualidade da educação pública segue em queda livre; o de-semprego e a falta de perspectivas assola a juventude; as empresas terceirizadas impõem regimes de semi-escravidão aos trabalhadores e os salários da maioria não dão para o básico; sofremos com transporte público precário a serviço do lucro dos empresários, que nos limita o direito de ir e vir. Para os trabalhadores sobram apenas as migalhas do farto banquete de recursos públicos que nutre a riqueza dos patrões e seus políticos-empresários.

Não podemos aceitar que os patrões que nos exploram todos os dias sigam governando impunemente a serviço apenas da corrupção e de seus interesses privados. Basta!!!

* Rodrigo Dantas é professor do departamento de filosofia da UnB, diretor do ANDES (Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior) e militante do PSTU.


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